Poucos fãs sabem que, além de seu legado musical, Elvis Presley cultivava relações próximas e respeitosas com diversas pessoas afro-americanas ao longo de sua vida. Um dos exemplos mais notáveis dessa conexão foi Magnolia "Maggie" Smith, uma jovem universitária que se tornou uma figura importante em Graceland nos últimos anos da vida do Rei do Rock.
A Conexão entre Elvis e Maggie
O encontro entre Elvis e Maggie ocorreu de forma inesperada em setembro de 1974, na concessionária Sid Carrol Pontiac em Memphis (três dias antes de Elvis sair em nova turnê). Maggie, então uma estudante universitária negra com dificuldades financeiras e órfã de pai, pediu um autógrafo a Elvis e, em seguida, perguntou se ele poderia lhe oferecer um emprego. Tocado pela história da jovem, Elvis contratou-a como sua assistente executiva, garantindo que ela pudesse continuar seus estudos sem preocupações financeiras.
Elvis não apenas ofereceu um emprego a Maggie, mas também comprou um carro para que ela pudesse se deslocar até a faculdade e arcou com os custos de sua matrícula. Além disso, providenciou um espaço tranquilo em Graceland para que ela pudesse estudar e manter boas notas, reforçando a importância que ele dava à sua educação.
O Papel de Maggie em Graceland
Durante os três anos em que trabalhou para Elvis, Maggie teve diversas funções em Graceland. Oficialmente, seu cargo era de assistente executiva, mas sua presença na casa ia muito além disso. Ela ajudava na organização da rotina de Elvis, cuidava de Lisa Marie Presley como uma babá e acompanhava a família em viagens e turnês.
Maggie nunca desempenhou funções domésticas, como cozinhar ou limpar, mas estava sempre presente para atender ao que Elvis precisasse. No entanto, seu vínculo com ele se tornou muito mais pessoal do que profissional. Elvis passou a tratá-la como uma filha, um apoio emocional em momentos difíceis.
Momentos Compartilhados e a Influência de Elvis
Ao longo de sua convivência com Elvis, Maggie recordava-se de como ele a tratava com carinho e respeito. Ele lia para ela trechos da Bíblia, recomendava livros e sempre demonstrava preocupação com sua educação e bem-estar.
O senso de humor e a humanidade de Elvis eram evidentes nas interações diárias com Maggie. Segundo ela, o Natal em Graceland era um momento de grande alegria, com a presença da família Presley e seguranças, e o 4 de julho era celebrado com brincadeiras envolvendo fogos de artifício e bombinhas.
Em 1976, Maggie engravidou antes de concluir seus estudos, e Elvis levou sua gravidez mais a sério do que ela mesma (até mesmo afirmou que ela teria um menino muito antes dela dar à luz um garoto de quase 4kg). Elvis e Linda ligavam frequentemente para saber sobre sua saúde. Quando Maggie teve complicações e precisou ficar internada por semanas, Elvis lhe deu todo o apoio possível. Elvis nunca conheceu o filho de Maggie, pois morreu algumas semanas depois do nascimento da criança. Maggie soube da morte de Elvis pela TV e conseguiu ir ao velório, mas os médicos não a deixaram ir ao funeral, pois ela ainda estava se recuperando e muito afetada pela morte repentina de seu grande amigo.
O Legado de Maggie Smith
A história de Maggie Smith foi registrada no livro The King Elvis, Maggie Smith & Presley Tradition of Respect for People of Color. Infelizmente, Maggie faleceu misteriosamente em 1979 (aos 24 anos), poucos anos após a morte de Elvis. Sua história permaneceu desconhecida por muitos anos, mas sua relação especial com Elvis está finalmente sendo reconhecida.
O papel de Maggie na vida de Elvis foi muito mais significativo do que muitos imaginavam. Ela não era apenas uma funcionária de Graceland, mas uma amiga próxima, confidente e, para Elvis, quase uma filha. Sua história é uma prova do caráter humano e empático de Elvis Presley, um homem cujo amor e respeito pelas pessoas (independentemente de sua cor) não tinham limites. Que Maggie descanse em paz e sua história nunca seja esquecida!
Notas sobre a entrevista que Maggie deu em 20/02/1979 na Memphis State University, onde trabalhava na época. Ela faleceu misteriosamente pouco dias após essa entrevista:
1. Maggie viajou com Elvis e Linda para Las Vegas por cerca de 10 dias em março de 75. Teve que conseguir a assinatura de Elvis para ser dispensada da escola e poder ir para Las Vegas com eles. Elvis queria que ela experimentasse o mundo e conhecesse pessoas fora de Memphis. Maggie Tinha que informar a Elvis onde ela estava o tempo todo em Las Vegas, por sua segurança. Maggie sempre falava de Elvis como se estivesse falando sobre seu pai, não sobre seu chefe.
2. Elvis sempre conversava com ela sobre algo, qualquer coisa. Falava com ela sobre a Bíblia. Ele adorava ler passagens da Bíblia para ela.
3. Nos últimos três anos de vida, Elvis passou mais horas de qualidade com Maggie do que com a "Máfia de Memphis" (seus "amigos" e seguranças).
4. Maggie adorava Elvis e sabia tudo sobre ele. Desde seus gostos e desgostos, crenças e doenças.
5. Maggie deveria ter dado uma segunda entrevista para Jerry Hopkins, mas morreu. Não há menção sobre sua morte nem o que aconteceu.
6. Maggie recorda os momentos mais leves da amizade deles, incluindo o senso de humor de Elvis e as risadas compartilhadas. Mas ela também compartilhou memórias mais emocionais, como os momentos em que Elvis chorou com ela, rezou por ela e leu livros para ela.
7. Maggie era responsável pela agenda diária de Elvis, incluindo o que ele comeria, vestiria, etc. Nunca foi empregada doméstica, nunca cozinhou uma refeição, lavou roupas ou aspirou.
8. Maggie foi a estudante universitária mais bem paga de Memphis, com benefícios e presentes especiais.
9. Maggie estava com Elvis no dia em que ele comprou a casa de 3 quartos e 2 banheiros e deu de presente para Mary Jenkins (sua cozinheira) em Whitehaven. Ela e Elvis estavam no banco de trás.
O Respeito de Elvis pela Comunidade Afro-Americana
O vínculo de Elvis com a comunidade negra ia muito além de sua amizade com Maggie. Ele sempre demonstrou um profundo respeito por artistas e amigos afro-americanos. Desde os elogios a B.B. King, Fats Domino e Arthur Crudup, até gestos como enviar flores diárias para a família de Roy Hamilton durante sua internação e apoiar financeiramente parentes de funcionários negros de Graceland, Elvis cultivava uma relação genuína e respeitosa com a comunidade afro-americana.
Ele também se recusou fazer um show altamente lucrativo no Houston Astrodome em 1970 caso suas backing vocals, The Sweet Inspirations, não fossem tratadas com o devido respeito (leia mais aqui). No palco, homenageava suas inspirações e influências musicais negras e, nos bastidores, prestava apoio financeiro e emocional a muitas pessoas que precisavam.