Issac Sundiata The Griot - Hard Luck

Nesta cena do filme “Frankie and Johnny” (1966), conforme narrado por Frederick De Cordova (diretor do filme) e por Paul Simpson (em seu livro "The Rough Guide to Elvis" - 2002), era para Elvis ter seus sapatos engraxados pelo garotinho enquanto cantava o Blues “Hard Luck”, porém Elvis não gostou da ideia e pediu para mudar a cena, onde o garoto não engraxa os seus sapatos, mas se junta a ele na canção, de igual para igual, tocando gaita (obs.: na cena ele apenas dubla a gaita, que é tocada pelo musico de Nashville, Charlie McCoy).

O garotinho é Russel lssac Miller, mais tarde conhecido como “Issac Sundiata The Griot”, um escritor, poeta, contador de histórias e ativista social. No vídeo abaixo vemos o Sr. Issac, já adulto, conversando com Sandra Laraine Coleman do canal “Indie Encounter”.

Elvis e a "Ave Maria"

Quando tive o meu primeiro contato com o álbum “Elvis Now” (1972), uma canção chamou-me a atenção e instigou minha curiosidade: "Miracle of the Rosary". Por que Elvis, sendo pentecostal (assembleia de Deus), gravaria (em 15 de maio de 1971) uma canção católica sobre a “virgem Maria”? A resposta é mais uma, dentre tantas outras, manifestação da generosidade e da gratidão de Elvis.

Em 1948, em busca de melhores condições de vida, a família Presley mudou-se para Memphis e começaram a frequentar uma igreja pentecostal pastoreada por Jesse James Denson, o qual, junto de sua família, os acolheu e os ajudou naquele momento difícil que estavam passando. O pastor Jesse tinha um filho chamado Lee Denson que logo se tornaria grande amigo de Elvis (dois anos mais novo que Denson) e o seu primeiro professor de violão (Elvis tinha 13 anos e Denson 15 anos nessa época).

Na década de 1950, Denson se mudou para Nova Iorque e começou uma carreira musical no RockaBilly e, posteriormente, no Gospel. Em 1960, apesar de ser pentecostal, compôs a canção “The Miracle of the Rosary” em homenagem à sua esposa Mary, que era católica e devota fervorosa da “virgem Maria”, e mostrou-a ao seu amigo (já mundialmente famoso) Elvis.

Em 1971 (11 anos depois), após Denson já ter abandonado a sua carreira artística para acompanhar a sua esposa nos trabalhos religiosos, Elvis, apesar de não ser católico e de ter ouvido a canção apenas uma vez, lembra-se dela e resolve gravá-la e incluí-la no álbum “Elvis Now” (lançado no começo de 1972) em gratidão ao que seu amigo Denson e os seus pais fizeram por ele e sua família quando passavam por grandes dificuldades, e “The Miracle of the Rosary” tona-se assim o maior sucesso de Denson como compositor.

Lee Denson infelizmente nos deixou em 06 de novembro de 2007, aos 75 anos. Um álbum de compilação do trabalho de Denson (“The South's Gonna Rise”) foi lançado em abril de 2002 pela Hydra Records com 23 faixas, a maioria escrita por Denson.

Meu Amigo EP - por Sammuel Bell JR.

Ótima entrevista do diretor Baz Luhrmann com Sammuel Bell JR., amigo de infância de Elvis Presley. Elvis cresceu entre a população negra e Sam fala sobre como ele e Elvis eram muito próximos quando eram crianças morando em Tupelo, numa época em que a segregação racial fazia parte da vida dos norte-americanos, especialmente no Sul do país.

Sam conta que Elvis tinha boas maneiras e era muito generoso, dando seus brinquedos novos para crianças que estavam em pior situação do que ele e que costumava ir com ele ao Lyric Theatre, entrando sorrateiramente e ignorando a divisória de latão que deveria separar o público negro do branco.

Sam também quebrou barreiras raciais por meio de suas proezas atléticas e como escoteiro, líder comunitário e veterano da United States Air Force, porém o mais importante para Bell era ajudar o próximo, especialmente outros jovens, através da ONG “Boys and Girls Club”.

Infelizmente Sam faleceu em 06 de setembro de 2021, aos 85 anos, e não pôde assistir ao filme sobre seu melhor amigo nos cinemas.

Is this a photo of Morning White Dove, Elvis Presley’s great-great-great grandmother?

Esta não é uma foto de Morning White Dove. Não há fotografias conhecidas dela. Ela morreu em 1835, quando a fotografia estava em seus primórdios. Essa é uma foto da Princesa Eat No Meat. Ela não é parente de Elvis Presley. Ela era da tribo Umatilla no noroeste do Oregon. A foto foi tirada pelo Major Lee Moorhouse em 1900. Sua foto está listada nos Arquivos Antropológicos Nacionais dentro do Smithsonian Institution.

This is not a photo of Morning White Dove. There are no known photographs of her. She died in 1835 when photography was in its infancy. That is a photo of Princess Eat No Meat. She is not related to Elvis Presley. She was from the Umatilla tribe in northwestern Oregon. The photo was taken by Major Lee Moorhouse in 1900. Her photo is listed in the National Anthropological Archives within the Smithsonian Institution.

Claude Thompson

Claude Thompson nasceu em 10 de novembro de 1934 em Brooklyn, Nova York, EUA. Ator, maquiador, dançarino e coreógrafo. Participou do Elvis NBC TV Special (1968) como coreografo, bailarino e maquiador. Ele foi responsável pela coreografia e se apresentou como bailarino solo do bloco gospel do especial, que foi em homenagem ao pastor e ativista pelos direitos civis dos negros, Martin Luther King, que foi assassinado meses antes.

É conhecido tambés pelos trabalhos em "A cor púrpura (1985)", "King Kong (1976)" e "Eddie, o Ídolo Pop 2: Eddie Vive! (1989)", sendo premiado com o NAACP Image Award de 1972 de Melhor Coreografia pela peça "Don't Bother Me, I Can't Cope" no Mark Taper Forum Theatre em Los Angeles, Califórnia.

Claude Thompson faleceu em 31 de maio de 2007 em Los Angeles, Califórnia, EUA.

Elvis Roubou a Música dos Negros?

Pois bem, vamos ler o que os próprios artistas negros têm a dizer sobre Elvis:

“Eu não sou o 'pai do rock and roll', eu sou certamente um dente na engrenagem, como meu pai costumava dizer. Outros dentes desta engrenagem são o Fast Domino, Louis Jordan, Fast Waller, Little Richard, Bill Halley e Elvis Presley. Fomos todos, penso eu, um dente na engrenagem. Todos nós fizemos 'a bola rolar'. Descrever Elvis? Ele é o maior que já existiu, ou que irá existir...” (Chuck Berry).

"Lembro de ver Elvis bem jovem, nos estúdios da Sun Records. Naquela época eu já sabia que aquele menino tinha um grande talento. Ele era um menino dinâmico. A maneira como ele cantava, sua maneira de interpretar uma canção, era tão única quanto Sinatra. Eu era um grande fã e, se Elvis tivesse vivido mais, não haveria limites para sua inventividade. Com Elvis nunca houve uma única gota de racismo. Ele era único... Uma pena que não tenha cantado mais o blues... Eu era um grande fã."
“Elvis era diferente. Ele era amigável. Lembro-me distintamente de Elvis porque ele era bonito, quieto e educado demais. Falo com esse sotaque sulista grosseiro e arrastado e ele sempre me chamou de 'Senhor'. Eu gostei disso. Gostei da voz dele, embora não tivesse ideia de que ele estava se preparando para conquistar o mundo”.
"(Música) não é exclusivo do negro ou do branco ou de qualquer outra cor. É compartilhado em e por nossas almas. Eu disse isso a Elvis uma vez, e ele me disse que se lembrava que eu lhe disse isso, é que 'música é como água. A água é para cada pessoa viva e cada coisa viva'."
"Eu tocava minha Lucille (sua guitarra) e cantava com Elvis, ou nos revezávamos. Naquele momento, éramos os Blues Brothers originais porque aquele homem conhecia mais músicas de blues do que a maioria no ramo." (B.B.King).

"Eu agradeço a Deus por Elvis Presley. Agradeço a Deus por ter mandado Elvis para abrir a porta para que eu pudesse atravessar e caminhar pela minha estrada. Adoro Elvis Presley. É o meu companheiro, meu bebê. Adoro-o. Éramos bons amigos. (Sua morte) Foi uma grande perda para o mundo da música. Elvis é um dos maiores artistas que viveram neste mundo, eletrizante, elevado... oh, ele é... não consigo dizer o suficiente. Ele é lindo, adoro Elvis. É uma lenda!" (Little Richard).

"Eu não era apenas um fã, eu era seu irmão. Ele disse que eu estava bem e eu disse que ele era bom; nós nunca discutimos sobre isso. Elvis era um trabalhador, dedicado, e Deus o amava ... Eu o amo e espero vê-lo no céu. Nunca haverá outro como aquele irmão de alma.   Eu amei o homem e ele era realmente o rei do rock and roll. Nós sempre tivemos um tipo de lance. Elvis e eu. O rei do rock and roll e  o Rei do Soul. Elvis ensinou a América branca a se ajoelhar" (James Brown)

“Elvis teve influência em todos com sua abordagem musical. Ele quebrou o gelo para todos nós." (Al Green)

"Muitas pessoas acusaram Elvis de roubar a música dos negros, quando, na verdade, quase todos os artistas negros copiaram os maneirismos de Elvis." (Jackie Wilson)

"Elvis era um gigante e influenciou todos no business." (Isaac Hayes)

"Não importa se ele é branco, Elvis é um bluesman. Ele começou do blues" (Howlin 'Wolf)

"Também somos fãs de Elvis. Nós crescemos assistindo seus filmes, tudo. Nós gostamos dele." (Jermaine Jackson - Jackson 5)

Os pseudos "fãs" que estão criticando o filme Elvis

Eu sinceramente gostaria de entender esses pseudos “fãs de Elvis” que jogam contra ele, pois, finalmente, após 44 anos de sua morte, Elvis está tendo um filme digno de sua importância e magnitude e esses tais “fãs” (que curiosamente são adoradores e bajuladores de covers/etas ridículos e vergonhosos) só sabem criticar e menosprezar o ótimo trabalho de Austin Butler e Baz Luhrmann (fora a estrela Tom Hanks e demais atores e atrizes).

Através desse filme Elvis voltou com tudo aos holofotes da mídia e é o assunto mais falado do momento. Sucesso de crítica, sucesso em Cannes (aplaudido de pé por 12 minutos), sucesso de bilheteria já na estreia (bateu Top Gun), selo Fresh da Rotten Tomatoes e a nota A- pela Cinema Score.

O filme foi escrito e dirigido por um fã (o renomado cineasta Baz Luhrmann) e Elvis foi brilhantemente representado por Austin, que se dedicou de corpo e alma, entregando-se até a exaustão ao papel, fazendo uma extensa pesquisa sobre a obra e a vida de Elvis e conseguindo captar a sua essência e transmiti-la através das telas para milhões de seus fãs, que são na maioria jovens e que pouco conheciam sobre Elvis, mas que agora, através de Austin, estão encantados com a história e a música de Elvis. O próprio Austin afirmou em entrevistas que passou a admirar ainda mais Elvis após essa experiência mágica de representá-lo nas telas dos cinemas.

Esses tais “fãs de Elvis” que estão criticando Austin e o filme são os mesmos que se julgam “porta-vozes” e “donos” de Elvis, achando-se no direito de afirmarem o que Elvis “gosta ou não gosta / ama ou odeia”, chegando até mesmo ao ponto de odiarem quem Elvis amava (no caso de Priscilla). Esses tais não são fãs, mas sim a representação atual dos bajuladores e manipuladores que rodeavam Elvis e se diziam seus “amigos”.

Obrigado Baz Luhrmann, Austin Butler, Tom Hanks e demais atores, atrizes e toda a equipe desse maravilhoso filme. Nós, fãs de Elvis, somos gratos a vocês pelo o que tem feito a Elvis e sua história e obra, e desculpas pela ignorância desses “porta-vozes de Elvis” que não nos representam!

Cinebiografia Elvis Presley 2022