Quando tive o meu primeiro contato com o álbum “Elvis Now” (1972), uma canção chamou-me a atenção e instigou minha curiosidade: "Miracle of the Rosary". Por que Elvis, sendo pentecostal (assembleia de Deus), gravaria (em 15 de maio de 1971) uma canção católica sobre a “virgem Maria”? A resposta é mais uma, dentre tantas outras, manifestação da generosidade e da gratidão de Elvis.
Em 1948, em busca de melhores condições de vida, a família Presley mudou-se para Memphis e começaram a frequentar uma igreja pentecostal pastoreada por Jesse James Denson, o qual, junto de sua família, os acolheu e os ajudou naquele momento difícil que estavam passando. O pastor Jesse tinha um filho chamado Lee Denson que logo se tornaria grande amigo de Elvis (dois anos mais novo que Denson) e o seu primeiro professor de violão (Elvis tinha 13 anos e Denson 15 anos nessa época).
Na década de 1950, Denson se mudou para Nova Iorque e começou uma carreira musical no RockaBilly e, posteriormente, no Gospel. Em 1960, apesar de ser pentecostal, compôs a canção “The Miracle of the Rosary” em homenagem à sua esposa Mary, que era católica e devota fervorosa da “virgem Maria”, e mostrou-a ao seu amigo (já mundialmente famoso) Elvis.
Em 1971 (11 anos depois), após Denson já ter abandonado a sua carreira artística para acompanhar a sua esposa nos trabalhos religiosos, Elvis, apesar de não ser católico e de ter ouvido a canção apenas uma vez, lembra-se dela e resolve gravá-la e incluí-la no álbum “Elvis Now” (lançado no começo de 1972) em gratidão ao que seu amigo Denson e os seus pais fizeram por ele e sua família quando passavam por grandes dificuldades, e “The Miracle of the Rosary” tona-se assim o maior sucesso de Denson como compositor.
Lee Denson infelizmente nos deixou em 06 de novembro de 2007, aos 75 anos. Um álbum de compilação do trabalho de Denson (“The South's Gonna Rise”) foi lançado em abril de 2002 pela Hydra Records com 23 faixas, a maioria escrita por Denson.