"Elvis conhecia mais músicas de Blues do que a maioria no ramo" - B.B.King

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Leny Eversong – a cantora brasileira que encantou Elvis

Obs.: contém vídeos, porém só estão aparecendo na "versão para web"

Hilda Campos Soares da Silva (Santos, 10/09/1920 - São Paulo, 29/041984), intérprete poliglota (além do português, cantava em inglês, espanhol, francês e italiano) e dona de uma voz poderosa de contralto com bom alcance nos agudos, começou a cantar na Rádio Clube de Santos aos 12 anos de idade, onde venceu um concurso de talentos mirins e foi contratada para a programação noturna da emissora, ficando conhecida como “Hildinha, a Princesa do Fox”, pois seu repertório dividia-se entre música brasileira e foxtrote norte-americano. Aos 15 anos foi contratada pela Rádio Atlântica (Santos) e adotou o nome artístico de Leny Eversong (sugerido pelo produtor Carlos Baccarat) e passou a cantar somente em inglês (mesmo não falando inglês, decorava as letras das músicas e as reproduzia com uma pronúncia perfeita). Em 1936 mudou-se para o Rio de Janeiro e fez uma temporada de três meses na Rádio Tupi, apresentando-se também em shows no Copacabana Palace Hotel e no Cassino da Urca. Mas sua carreira não decolou. Voltou então para São Paulo e trabalhou como crooner em boates e cassinos e passou pela Rádio Excelsior e Nacional, onde ainda atuaria até meados dos anos 1950. Mas foi apenas a partir da inauguração da Rádio Mundial do Rio de Janeiro, em 1955, que sua carreira decolou.

Em 1956, já muito famosa no Brasil (e um dos maiores salários do rádio brasileiro), partiu para os Estados Unidos e apresentou-se em diversas casas noturnas, principalmente em Las Vegas, onde fez várias temporadas nos famosos cassinos.

Em 06 de janeiro de 1957, Leny foi convidada para cantar no famoso programa The Ed Sullivan Show (The Toast of Town). A cantora iria apresentar apenas uma canção, pois a grande atração da noite seria o astro Elvis Presley. Porém, pouco antes de começar o programa, uma ordem judicial chegou ao estúdio proibindo Elvis de cantar (devido aos seus movimentos escandalosos com os quadris). Leny então entrou no palco e cantou a primeira canção. Enquanto ela se apresentava, os advogados do programa conseguiram autorização para Elvis se apresentar, desde que as câmeras só o filmassem da cintura para cima. Leny não voltaria mais ao palco, mas Elvis se encantou com a brasileira e pediu que ela cantasse mais uma canção, cedendo a ela parte do espaço reservado para ele. Além de ficar impressionando com seu talento, Elvis achou Leny parecida com sua mãe, Gladys Presley, e nutriu um grande carinho e respeito por ela.

A enorme audiência do programa, graças à presença de Elvis, e Ed Sullivan, que entusiasmado com a apresentação de Leny que disse em cadeia nacional, para um público de 80 milhões de telespectadores, que ela era a maior voz do mundo, abriu ainda mais as portas para Leny, que gravou e lançou álbuns nos EUA e na França com a orquestra de Pierre Dorsey. Em 58, cantou no Olympia de Paris e nos anos seguinte viajou por diversos países, como Holanda, Alemanha, Bélgica, Itália, Cuba, Porto Rico e pela América do Sul, sempre se destacando por cantar muito bem em vários idiomas (cantava sem sotaque graças ao seu ótimo ouvido). Nos Estados Unidos, suas plateias incluíam Count Basie, Frank Sinatra e Sammy Davis Jr., e no auge de sua carreira chegou a ser considerada a melhor cantora dos EUA, comparada a Billie Holiday pela crítica local.

Apesar de se destacar cantando em inglês (e ser criticada no Brasil por isso), Leny Eversong também gravou músicas em português, mas nunca chegou a ter, no Brasil, a popularidade de uma Dalva de Oliveira, Ângela Maria ou Emilinha Borba. O estilo peculiar de interpretação de Leny Eversong fazia com que a cantora soasse “estrangeira” no próprio país, o que fez com que ela jamais tivesse obtido a coroação popular das rainhas da era do rádio, mesmo tendo gravado numerosos sambas e sambas-canção.

Em 1970, voltou ao Rio para um show no Canecão e, em 1973, precisou voltar definitivamente para o Brasil, pois o seu marido, Francisco Luís Campos Soares da Silva (conhecido como Nei), “desapareceu” misteriosamente e, imediatamente, espalhou-se que ele teria saído para “comprar cigarros” e não voltou mais. Era a versão “oficial” das autoridades brasileiras e, como eram tempos obscuros do regime militar, ficou a incógnita sobre esse sumiço. Inconformada, Leny, com o apoio de seu grande amigo Agnaldo Rayol, que a recebeu em seu sitio, na cidade de Itapecerica da Serra, percorreu o país procurando pelo marido, mas nunca o encontrou. Como ele foi dado como desaparecido (e não como oficialmente morto, com certidão de óbito) e, pelas leis vigentes da época, por ser casada em regime de comunhão universal de bens, tudo o que tinham ficou bloqueado e Leny não pôde requerer pensão, mexer na própria conta bancária que tinha com o marido e nem vender seu patrimônio.

Sua queda de popularidade, após o “desaparecimento” de seu marido, foi vertiginosa. Os veículos de comunicação não mais falavam da estrela e “justificavam” o sumiço da cantora e a desistência da carreira com uma “crise de depressão pelo sumiço do amado”. Ser “desaparecido” ou ter um parente “desaparecido” naqueles dias quase sempre tinha uma implicação política. Emissoras de rádios, TVs e produtores de shows pararam de convidar Leny para cantar, a ponto de não ser mais vista. Todo esse “cancelamento” da mídia, o desgosto e a crise financeira - junto ao diabetes e o excesso de peso, levaram-na a se afastar paulatinamente da carreira artística, com algumas aparições ocasionais e cada vez mais raras (onde aproveitava para pedir publicamente informações sobre seu marido), até a sua última participação, em 1983, no programa televisivo "O Show é o limite", de J. Silvestre.

A verdadeira história do desaparecimento do seu marido, no entanto, só veio à tona após sua morte quando os restos mortais de seu marido foram encontrados em um conjunto de ossadas juntamente com vários sindicalistas. Ao que parece, a morte de seu marido foi um equívoco, pois ele não tinha envolvimento político. Porém, provavelmente tornou-se testemunha de um crime e foi silenciado, ainda mais que era casado com uma cantora tão famosa e conhecida internacionalmente.

Leny faleceu em São Paulo, no dia 29 de abril de 1984, aos 63 anos de idade, pouco tempo depois de ter as duas pernas amputadas por causa de complicações do diabetes. Leny já estava esquecida pelo grande público, mas hoje, graças à magia da Internet, o maravilhoso legado de Hildinha está aí, disponível a todos que queiram se maravilhar com sua preciosa voz – uma voz forte, de contralto, ampliada em sua potência pelos anos de dedicação ao estudo do canto – uma voz que o Brasil, e o mundo, não deveriam esquecer!

Fontes: Entrevistas com Luís Vieira, Adelaide Chiozzo, Lana Bittencourt e Agnaldo Rayol / Documentário “Leny, a fabulosa”, de Ney Inácio (2015)

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Meu encontro com Elvis Presley - Dulce Damasceno de Brito

Dulce Damasceno de Brito (1926 - 2008) foi uma jornalista brasileira, especializada em cinema. Ela foi a primeira mulher brasileira a ser correspondente em Hollywood nas décadas de 50 e 60. Ficou conhecida por sua íntima amizade com Carmen Miranda (estava com ela na noite de sua morte e escreveu, em 1986, a biografia “O ABC de Carmen Miranda”) e por entrevistar diversas celebridades da época, entre elas, Elvis Presley.

Em 1952, Dulce foi para Hollywood, contratada como correspondente dos “Diários Associados” e da revista “O Cruzeiro”, e lá viveu durante 16 anos. Nesse período conheceu quase todas as celebridades da capital do cinema. Ao contrário do que ocorre hoje, ela tinha trânsito livre nos estúdios, chegando a tornar-se amiga de muitos artistas famosos. Entrevistou nomes como Marilyn Monroe, Clark Gable, Elizabeth Taylor, Rock Hudson, Doris Day, Cary Grant, Marlene Dietrich, James Stewart, Charlton Heston, Audrey Hepburn, John Wayne, Jane Wyman, Sophia Loren, James Dean, Barbara Stanwyck, Gregory Peck, Walt Disney, Grace Kelly, Carmen Miranda e Marlon Brando (que se recusava a receber jornalistas mas deu entrevistas para Dulce em três ocasiões), entre outros. Naquela época, numa imprensa em que não havia o gravador, os jornalistas, para comprovar que tinham entrevistado determinada personalidade, eram obrigados pelas chefias a tirar uma foto com a pessoa.

Em 1956, Dulce consegue uma rápida entrevista com Elvis - algo muito difícil na época - durante as gravações de seu primeiro filme, "Love me Tender". A matéria foi para a revista "O Cruzeiro", uma das principais revistas no Brasil na década de 1950. Dulce o achou muito tímido e apegado aos valores religiosos e à família. Elvis mostrou-se muito educado com Dulce, despedindo-se da mesma com um "até breve".

Em 1979, Dulce descreve, em sua coluna na revista “Contigo”, como foi o seu encontro com Elvis:

"Elvis estava tímido e eu emocionada. Mais do que repórter, me sentia como uma fã em frente ao meu grande ídolo. E nosso primeiro encontro foi realmente inesquecível. Ele já era o Rei do Rock, famoso, festejado e desejado por todas as mulheres. Mas nem por isso perdia o jeito humilde, simples e sincero. Elvis Presley tinha o ar de um garotão encabulado.

Fomos apresentados, em 1956, nos estúdios da Fox em Beverly Hills, quando visitei o local de filmagens de Love Me Tender, seu primeiro trabalho no cinema. E, para disfarçar sua inibição, Elvis foi logo comentando que o estúdio havia mandado tingir seus cabelos de castanho claro, para fotografar melhor, com feições mais suaves e românticas. Ele não gostara muito da ideia. Tanto assim que já a partir do segundo filme, Loving You, Elvis bateu o pé e insistiu em conservar os cabelos pretos. Sempre foi uma pessoa autêntica e um homem muito bem educado. A ponto de, quando o fotógrafo da Fox se aproximou para bater uma chapa (foto) nossa, Elvis murmurar "excuse-me" (com licença) antes de me abraçar. E toda essa delicadeza contrastava violentamente com seu domínio no palco, com sua capacidade de fazer o público delirar, com o modo sedutor e arrojado que fez explodir a juventude.

A vida de Elvis era cantar e ele sempre dizia isso com muita convicção, No entanto, durante nossa entrevista, ele me confessou que também adorava dançar. Aliás, ninguém melhor do que Elvis para transformar a dança em um show de calor, vibração e sensualidade. Seu magnetismo pessoal levava os fãs à loucura.

Eu mesma me emocionava profundamente durante suas apresentações. Mas, apesar de todo o sex-appeal, no fundo Elvis seria sempre um homem tímido fora dos palcos. E isso se explicava pelos excessivos cuidados com que foi cercado durante a infância, por ser um garoto de saúde frágil. Já adulto, Elvis precisava tomar muitos remédios devido a problemas respiratórios. E tantos medicamentos terminavam por engordá-lo. Cada vez que isso acontecia, ele passava algum tempo sem se apresentar em público. Mas voltava sempre em sua melhor forma.

Frente a frente com um astro internacional, eu sentia de perto seu fascínio e descobria o que realmente o tornava irresistível. Ao falar, Elvis acompanhava suas palavras com um sorriso aberto, de dentes perfeitos. E tinha um olhar envolvente, um tanto triste. Não gostava muito de comentar sua vida na intimidade, mas aos poucos, ia se sentindo à vontade para revelar que não bebia nem fumava.

Hoje, passados dois anos de sua morte, a imagem que me ficou de Elvis Presley é a de um homem fabuloso, que marcou época com seu talento e personalidade. Um Elvis que era capaz de apertar a mão de uma fã como eu e dizer "até breve" com a certeza de que na vida de um mito jamais haveria um "adeus"."

Fontes: Revista O Cruzeiro, edição 1, 20/10/1956 / Livro “Hollywood Nua e Crua” – 1968 / Revista Contigo nº 285 - 17/08/1979

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Luiz Bonfá e Elvis Presley - Almost In Love!

Luiz Floriano Bonfá (cantor, violonista e compositor brasileiro - RJ, 17/10/1922 - 12/01/2001), conhecido mundialmente pelas suas composições para o filme Orfeu Negro (filme ítalo-franco-brasileiro de 1959, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1960), como a canção "Manhã de Carnaval", uma das músicas brasileiras mais gravadas no mundo, foi o único compositor brasileiro a ter uma música gravada por Elvis (diz a lenda que Elvis cantou – e até gravou – a canção “Feelings”, do também brasileiro Morris Albert, porém essa informação nunca foi confirmado pela RCA e não há nenhum registro em vídeo ou áudio (até o momento desta postagem).

Segundo informações da esposa de Luiz Bonfá, Ruth de Oliveira, Elvis precisava de alguém que musicasse uns versos de Randy Starr. A atriz Ava Gardner lembrou-se de Bonfá, que na época era músico e arranjador da gravadora MGM. O compositor topou. Bonfá não teve dificuldades para compor. Pegou o violão e fez uma adaptação de sua composição de 1966, “Moonlight in Rio” (do seu álbum “The Brazilian Scene”). Assim nasceu "Almost in Love", da trilha sonora de "Live a Little, Love a Little", filme estrelado por Elvis em 1968.

Agora, só faltava gravar. Com as agendas dos dois lotadas de viagens, o encontro demorou três meses para acontecer. Segundo Ruth, eles entraram em estúdio - Elvis com a voz e a guitarra e Bonfá com o violão - e, em uma semana, o Brasil já se orgulhava de ter uma música na voz de Elvis Presley (lançado em compacto simples em 1968 e em LP - como título do álbum - em 1970).

sábado, 21 de novembro de 2020

Vaneese Thomas - Elvis, você sabia que você é meu namorado?

Vaneese Thomas (cantora americana de rhythm-and-blues, jazz e soul blues, e filha do grande Rufus Thomas) conheceu Elvis pessoalmente na noite de sexta-feira, 7 de dezembro de 1956, quando tinha 4 anos de idade. O encontro aconteceu nos bastidores do Ellis Auditorium, em Memphis, durante o show beneficente “Goodwill Revue” (em prol da Goodwill Fund - organização sem fins lucrativos para preservação da cultura negra, que originalmente fornecia transporte escolar para crianças negras deficientes e depois incluiu bolsas de estudo para faculdades e auxilio a habitação suplementar de baixo custo) patrocinado pela estação de rádio WDIA (primeira estação de rádio negra dos EUA, fundada em 1947). O show contou com apresentações de B.B. King, Ray Charles e seu pai Rufus Thomas (compositor, dançarino, humorista, cantor de rhythm-and-blues, funk, soul, blues e disc-jockey da WDIA), além de uma breve aparição surpresa de Elvis, a convite do próprio Rufus (Elvis era ouvinte assíduo da WDIA desde garoto).

Vaneese narra como foi o encontro em uma entrevista para a revista “Living Blues” (dedicada à comunidade negra amante do blues tradicional):

“A WDIA sempre tinha “revues” (shows de auditório com plateia) - duas por ano, uma no verão e uma no inverno – e a ‘Goodwill Revue’ foi no inverno e papai tinha os discos de Elvis (ouvíamos Elvis na vitrola de casa) e queria convidá-lo para participar do evento. O gerente geral da rádio achou que isso não iria agradar à comunidade negra, e papai disse: ‘Você está errado! Em primeiro lugar, as pessoas amam Elvis, especialmente em Memphis. E as mulheres, não importa sua etnia, simplesmente caem e enlouquecem por causa de Elvis. Vamos apresentá-lo ao público e veremos a reação da multidão’. E foi exatamente isso que meu pai fez. No final do show, papai disse: ‘Temos um convidado surpresa para vocês nesta noite’. Ele apresentou Elvis, e quando Elvis apareceu, a reação foi exatamente como ele esperava. As meninas enlouqueceram. Isso provou que Elvis era muito querido na comunidade negra, e papai começou a tocar seus discos na WDIA. Papai foi o primeiro DJ negro a tocar a música de Elvis, e numa rádio totalmente voltada ao público negro.

Rufus Thomas e Elvis

Quando eu vi Elvis, disse para ele, puxando a calda do seu fraque: ‘você sabia que você é meu namorado?’. Elvis então sorriu, se abaixou e me colocou em seu colo.

O legendário fotógrafo afro-americano Ernest Withers (que documentou mais de 60 anos de história afro-americana no Sul segregado, com imagens icônicas do boicote aos ônibus de Montgomery, Emmett Till, greve de saneamento de Memphis, Negro league baseball e músicos, incluindo aqueles relacionados ao Memphis blues e Memphis soul) capturou o momento em uma foto preto e branco.

A foto está agora em destaque em uma colagem de fotos vintage no encarte do meu CD "The Long Journey Home", um conjunto de blues e canções de soul que eu e meu marido multi-instrumentista Wayne Warnecke produzimos em nosso estúdio caseiro”.

Fonte: Living Blues Magazine – The Magazine of the African American Blues Tradition #246, vol. 47, nº 6, pag. 24 – Dezembro de 2016

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"O Blues não é nada além de um bom homem se sentindo mal"

“Muitas pessoas se perguntam ‘O que é o blues?’ Eu escuto muita gente falando ‘O blues.. O blues…’ Mas eu vou vos dizer o que o blues é. Quando você não tem dinheiro, você tem o blues. Quando você não tem dinheiro para pagar o aluguel de sua casa, você ainda tem o blues. Muitas pessoas saem falando ‘Eu não gosto de blues’ mas quando você não tem dinheiro, não pode pagar o aluguel de sua casa e não pode comprar comida, você com certeza tem o blues. Se você não tem dinheiro, você tem o blues, porque pensa maldosamente. Isso mesmo. Toda vez que você pensa maldosamente, você está pensando no blues." Howling Wolf

"As pessoas costumam me perguntar onde surgiu o Blues, e tudo o que posso dizer é que quando eu era rapaz, sempre estávamos cantando nos campos. Na verdade não cantávamos, você sabe, gritávamos, mas inventamos as nossas canções sobre coisas que estavam acontecendo conosco naquele momento e acho que foi assim que começou o Blues." Son House

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